O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD) publicou nesta quarta-feira um estudo que mostra a evolução do IDH no Brasil durante a Pandemia de Coronavírus. O documento intitulado “RELATÓRIO ESPECIAL 2023 / 25 ANOS: DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL: Construindo caminhos, pactuando novos horizontes”.
O estudo do PNUD marca 25 anos da chegada das ideias sobre o desenvolvimento humano no Brasil. A partir dessa mudança, ocorreu uma importante mudança de conceitos, o desenvolvimento precisa ser medido além da renda.
O Relatório do PNUD mostra o impacto da Pandemia no Brasil. A comparação entre os dados de 2019 (período pré-Pandemia) e 2021 (último ano com dados divulgados). O país apresentou um retrocesso importante no seu patamar de desenvolvimento Humano.
O trabalho mostrou ainda que o Brasil mantém um padrão de desigualdades estruturais rígido. O progresso desigual do desenvolvimento humano brasileiro envolve desigualdades regionais, de ração, de gênero, entre outras
REDUÇÃO GENERALIZADA DO IDHM
O IDHM representa um indicador que pondera três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. Em resumo, esse índice varia de 0 a 1. Um índice próximo a unidade representa um indicador favorável.
A Pandemia de Covid teve impactos que se refletiram sobre todo o desenvolvimento humano no Brasil. A população brasileira foi duramente atingida. Em função disso, a expetativa de vida se reduziu em 4,5 anos, o número de óbitos cresce de forma significativa. Enquanto isso, reduziu-se o número de nascimentos. O impacto dessa verdadeira tragédia pode ser sentida no Relatório do PNUD sobre IDH.
No ano de 2019, o Brasil tinha um IDH Médio de 0,785, o que o colocava como um país de IDH médio. Como consequência do impacto do Coronavírus, esse índice caiu para 0,766 em 2021, ou seja, passasse por uma redução de 2,42%.
Em 2019, o Brasil tinha 6 unidades da federação consideradas de IDHM MUITO ALTO (acima de 0,900): Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Por sua vez, em 2021, restavam apenas duas nessa mesma categoria, Distrito Federal e São Paulo. Por outro lado, os número de estados na faixa de IDHM MÉDIO (abaixo de 0,700) cresceu bastante.
O impacto da Pandemia provocou a redução do IDHM em absolutamente todos os 27 estados do país. O retrocesso foi maior em Roraima, onde o IDHM caiu 6,68%. No Amapá, a redução do IDHM entre 2019 e 2021 chegou a 6,65%. Em seguida, vieram Rio de Janeiro (-5,81%), Mato Grosso (-5,52%) e Distrito Federal com uma redução no IDHM de 5,24%. Por outro lado, os Estados que presenciaram a piora menos acentuado do Índice de Desenvolvimento Humano Médio foram Sergipe, Alagoas e Ceará.
IMPACTO DA PANDEMIA ENTRE NOS ÍNDICES ESPECÍFICOS DO RELATÓRIO DO PNUD SOBRE IDH
O maior impacto da Pandemia no Brasil foi sobre o IDHM Longevidade. Em consequência das inúmeras mortes provocadas pela doença, o IDHM Longevidade no país diminui 4,55%, passando de 0,858 para 0,819. O Coronavírus afetou negativamente a evolução da população brasileira.
Nos estados do Centro-Oeste, a redução do IDHM Longevidade foi maior. Três desses apresentaram o pior desempenho nacional. Em Goiás, a queda do IDHM Longevidade atingiu 12,82%. Impactos semelhantes são vistos em Mato Grosso (12,26% de queda do IDHM Longevidade) e Mato Grosso do Sul, onde a redução do índice entre 2019 e 2021 ficou em 12,06%. Uma provável postura negacionista com relação à Pandemia pode ter contribuído para desempenho tão desfavorável.
Dentre os índices específicos do IDH, o que menos impacto sofreu com a Pandemia de Coronavírus foi IDHM Educação. Isto por quê, no país como um todo, esse índice passou de 0,760 em 2019 para 0,757 no ano de 2021, representando uma redução de apenas 0,39%. Ainda assim, alguns estados brasileiros conseguiram inclusive uma melhoria do indicador no período considerado. O destaque negativo ficou para Roraima, onde o índice apresentou redução de 12,26%, e Amapá, com queda de 11,13% do IDHM Educação.
O IDHM Renda também reflete o impacto negativo da Pandemia de Covid sobre a economia brasileira entre 2019 e 2020. Em resumo, o índice nacional variou de 0,743 para 0,724, ou seja, queda de 2,56%. O crescimento do rendimento médio recente da população economicamente ativa no Brasil deve melhorar esse indicador. Todos os Estados e o Distrito Federal apresentaram retrocesso com relação ao IDH Renda. O pior resultado foi o de Pernambuco (queda de 4,85% do índice). Por outro lado, o melhor desempenho, ficou com o Rio Grande do Norte, ainda que também tenha ocorrido um pequeno retrocesso neste.