O preço do leite pago ao produtor no Brasil segue tendência de alta. É o que mostra o Boletim do Leite, publicação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da ESALQ/USP. A Média Brasil, indicador que mede o preço médio do leite captado em fevereiro de 2024 chegou a R$2,2347, representando um aumento de 5,54% em relação ao mês anterior.
A Média Brasil, calculada pelo CEPEA, considera os preços líquidos pagos ao produtor em 7 unidades da federação. A saber são compilados dados de Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em conjunto, esses estados representariam em torno de 77,5% da produção de leite no Brasil.
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PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL
O maior produtor de leite do Brasil é o estado de Minas Gerais, sendo que o estado representa sozinho 27,05% da produção do produto no país. Em sua totalidade, a produção da pecuária leiteira no Brasil giraria em torno de 35 bilhões de litros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o ano de 2022.
A Região Sul do Brasil respondeu por 33,79% da produção de leite cru no país. Os três estados da região seguem Minas Gerais. Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Cataria representam, respectivamente, o segundo, terceiro e quarto maiores produtores do produto no país
Outros três estados compõe a Média Nacional do Leite do CEPEA. A importância deles também reside na participação na produção nacional de leite. Goiás, São Paulo e Bahia completam a relação dos sete maiores produtores nacionais, segundo o IBGE.
PREÇO DO LEITE NO BRASIL SEGUE TENDÊNCIA DE ALTA
O Boletim do Leite do CEPEA, divulgado nesse mês de maio, mostra que o preço pago ao produtor pelo leite cru nos estados que compõe a Média Brasil registrou a quarta alta mensal consecutiva. O indicador atingiu o valor de R$2,2347, alta de 4,69% em relação ao mês de janeiro.
O preço do leite subiu de forma generalizada, em todos os componentes da Média Brasil. Esse incremento foi menor na Bahia (1,51% de aumento), mas atingiu 5,54% no Rio Grande do Sul. Em Minas Gerais, mais importante produtor nacional, o preço do produto subiu um pouco menos que o indicador médio considerado, ficando em 4,42%.
Segundo a pesquisadora Natália Grigol, a tendência generalizada de subida do preço do leite seria resultado da redução da oferta do produto no campo. A combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no final de 2023, que prejudicaram os investimentos nos produtores.
Um limitador para o crescimento ainda maior do preço do leite seria a dificuldade da cadeia do leite em realizar o repasse da valorização do produto no campo. As variações observadas nas negociações entre a indústria e os canais de distribuição ficou abaixo do incremento observado no campo. As importações de leite também seriam outro fator decisivo para a dinâmica desse mercado, como aponta Natália Grigol.
CHUVAS NO RIO GRANDE DO SUL PODEM IMPACTAR MERCADO DE LEITE
As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde abril de 2024 causam enormes transtornos para a população local, assim como para sua economia. Vale lembrar que o estado é o terceiro maior produtor de leite do Brasil respondendo por cerca de 11,7% da produção nacional.
A tragédia climática provocou alagamentos, com comprometimento de pastagens e das lavouras. Além disso, muitos produtores sofreram perdas de rebanho, e o prejuízo é enorme para o agronegócio gaúcho. Ademais, as inundações e chuvas torrenciais ainda não cessaram no estado.
O impacto negativo desse fenômeno certamente afetará o mercado de leite do país nos próximos meses. A cadeia produtiva da pecuária leiteira gaúcha foi fortemente comprometida. Uma restrição abrupta da oferta poderá pressionar os preços do produto não apenas no Rio Grande do Sul, mas no restante do país. Uma saída para o problema pode passar também pelo incremento das importações de leite de países vizinho. Devemos lembrar, no entanto, que a chuva também provocou impactos significativos no Uruguai e na Argentina.